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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Papa convida a combater pobreza imoral com pobreza evangélica

Explica a diferença entre a pobreza «escolhida por Deus» e a pobreza «que Deus não quer»

Por Inma Álvarez
CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 1 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O Papa exortou o mundo hoje a combater a pobreza que ofende a dignidade do homem através da sobriedade e da solidariedade, fruto da pobreza evangélica que Jesus escolheu ao se fazer homem.
Bento XVI dedicou hoje sua homilia da Missa da Solenidade de Maria Santa Mãe de Deus, na presença do Corpo Diplomático acreditado na Santa Sé, como é tradição neste dia, a recordar sua Mensagem por ocasião do Dia Mundial da Paz deste ano: Combater a pobreza, construir a paz.
Em sua intervenção, explicou que existe uma distinção entre uma pobreza evangélica e uma pobreza que Deus não deseja, e convidou a todos a combater a segunda através da primeira.
Em relação à primeira forma de pobreza, o Papa explicou que Jesus, ao fazer-se homem quis ser também pobre. «Eis a resposta: o amor por nós levou Jesus não somente a fazer-se homem, mas a fazer-se pobre» – acrescentou.
Contudo, existe «há uma pobreza, uma indigência, que Deus não quer e que é ‘combatida’», afirmou; «uma pobreza que impede às pessoas e às famílias de viverem segundo sua dignidade; uma pobreza que ofende a justiça e a igualdade e que, como tal, ameaça a convivência pacífica».
Esta pobreza, centro da mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, não só é material, revelou, mas «cabem também as formas de pobreza não material que se reencontram justamente nas sociedades ricas e progredidas: marginalização, miséria relacional, moral e espiritual».
Esta pobreza em grande escala, que se reflete em «pragas difundidas quais doenças pandêmicas , a pobreza das crianças e a crise alimentar», e que o pontífice relacionou com o fenômeno da globalização, requer que as nações «mantenham alto o nível da solidariedade».
Em particular, o Papa denunciou a corrida armamentista que tem acontecido nos últimos anos, que definiu como «inaceitável» e «contrária aos Direitos Humanos».
Diante dessa situação, afirma que a atual crise econômica supõe «um banco de provas: estamos prontos para lê-la, em sua complexidade, como desafio para o futuro e não só como uma emergência a qual dar resposta a curto prazo? Estamos dispostos a fazermos juntos uma revisão profunda do modelo de desenvolvimento dominante, para corrigi-lo de modo certo e a longo prazo?»
«Exigem isso, na verdade, mais ainda que as dificuldades financeiras imediatas, o estado de saúde ecológica do planeta e, sobretudo, a crise cultural e moral, os quais sintomas há tempos são evidentes em cada parte do mundo», acrescentou.
O bispo de Roma convidou a que se estabeleça um «círculo virtuoso» entre a pobreza que se deve escolher, e a pobreza que deve ser combatida: «para combater a pobreza iníqua, que oprime tantos homens e mulheres e ameaça a paz de todos, ocorre redescobrir a sobriedade e a solidariedade, como valores evangélicos e, ao mesmo tempo, universais», explicou.
«Não se pode combater eficazmente a miséria, se não se faz aquilo que escreve São Paulo aos Coríntios, isto é, se não se busca fazer ‘igualdade’, reduzindo o desnível entre quem gasta o supérfluo e quem passa falta do necessário», afirmou.
Esta pobreza evangélica, que como voto está reservada somente a alguns, recorda a todos «a exigência do desapego dos bens materiais e a primazia das riquezas do espírito», explicou o pontífice.
«A pobreza do nascimento de Cristo em Belém, além de objeto de adoração para os cristãos, é também escola de vida para cada homem. Essa nos ensina que para combater a miséria, tanto material quanto espiritual, o caminho a percorrer é o da solidariedade, que levou Jesus a partilhar nossa condição humana», concluiu.
Por fim, o Papa explicou que o mundo novo trazido por Cristo consiste em uma revolução pacífica, não ideológica, mas espiritual, não utópica, mas real, e por isso «necessita de infinita paciência, de tempos, muitas vezes, muito longos, evitando qualquer atalho e percorrendo a via mais difícil: a via do amadurecimento das responsabilidades nas consciências».

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